domingo, 11 de agosto de 2013

Ciranda de fuga

Não tinha nada pra te dizer aquele dia, era só uma necessidade de presença. Algo como saciedade e desprendimento. Não tinha razão pra sair do meu quarto e correr pro seu, nem de pensar em tudo que se passou. É que, as palavras que tu me diz ficam rodando meus pensamentos por dias. Não é como os outros que me dizem exatamente o que quero ouvir, os clichês, as mimosidades ladeando palavras e cinco segundos depois, já nem lembro. Tão carregado de poder e tamanha é a reflexão das tuas impressões que hoje mesmo quando nem lembrava que existia, me dei conta que estava pensando exatamente naquilo que me propôs semana passada. É um ciclo vicioso. Me dá ideias todas as vezes, me faz pensar na maneira como conduzo as coisas, o que vivo, o que penso, some por alguns dias e me deixa esses pensamentos de presente...
Não que eu não goste de pensar em tudo que me diz, é que me confunde ou me desconstrói, ainda não defini bem. Não que eu me faça de perdida e pense em ti e nas tuas loucuras todo o tempo, é que é só um tempo, e já passou.
Todas as vezes, depois de poucos encontros, eu passo por alguns estágios, pois também gosto de testar meu autocontrole sobre o que sinto ou absorvo. Nos primeiros instantes tem tu. Parado como um homem bastante superior, que me atrai, me deixa encabulada, é envolvente e dominador. Depois de voar longe pensando em ti, cerca de 15 minutos depois, reviro os olhos de dor e náusea. Flutuo até o banco do ônibus e tento escolher alguma música que te tire de mim. Repito os versos, tento um metal mais pesado, e então passa. Nesse instante já se passaram muitos quilômetros e eu já penso que é mais fácil deixar pra lá, e deixar lá com todas as outras coisas que passaram, pois sei até onde meus pés alcançam, verdadeiramente.
Depois de desencarnar pensando em tudo que vivi em umas horas, busco viver na normalidade, sou sempre eu, acordo no mesmo horário, visto as mesmas roupas e sinto o mesmo cheiro de sono ao adormecer, tudo diferente do que faço quando existe você. Quando nos falamos? Bem, quando nos falamos tem muito receio e muito pesar, tem quase uma morbidade, mas prefiro que seja sempre natural, e me divirto bastante com suas reações, seu modo de dizer que "tem coisas que não podemos evitar, ou que deveria ser menos retraída", mas é que sei até onde meus pés podem alcançar e, não é por desejar menos, sentir menos, e sim, por arder por dentro de tanta vontade que, às vezes, preciso me beliscar por dentro. E, não! Não é por te querer menos, e por ser demais pra mim.

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